UFC 302: As maldições favorecem Dustin Poirier
Dustin Poirier. Foto: representação/Twitter: @concatenarsim

No próximo sábado, dia 2 de junho, o nocauteador Dustin “Diamante” Poirier terá a difícil missão de destronar o russo Islam Makhachev e alcançar uma conquista inédita na carreira: se tornar campeão do UFC.

Islam x Poirier será a luta principal do UFC 302, que acontece em Nova Jersey, nos Estados Unidos. No papel, o americano é uma grande zebra. Apesar de ter um dos melhores boxers dentro do UFC, Dustin estará enfrentando o melhor wrestler/grappler da categoria, o que não costuma ser um bom sinal para o “diamante” em disputas de cinturão.

 

Em tentativas anteriores, Dustin já esteve bem próximo de se tornar campeão. No entanto, nas duas ocasiões esbarrou em jogos de grappler e teve o sonho frustrado por finalizações. Na tentativa mais recente, Dustin era favorito contra Charles Oliveira e, depois de vencer com sobras o primeiro round, dando até knockdown, o “diamante” foi dominado no segundo e finalizado com um mata-leão no terceiro. Em sua primeira tentativa de conquistar o título, Poirier viu um implacável Khabib Nurmagomedov, com um jogo sólido de wrestling, derrubando-o diversas vezes até achar um mata-leão.

 

O novo adversário, Islam, vem da mesma escola de Khabib, tem um estilo muito parecido e é até mais evoluído em pé. Por conta disso, é o favorito nas principais casas de aposta, chegando na proporção de 5×1 em algumas. Mas, na opinião de Conor McGregor, que já enfrentou Dustin Poirier e também Khabib, o principal mentor de Islam, não é bem assim:

 

“Acho que Poirier o derrota, nocauteia. As coisas que Makhachev faz de errado, nas quais não é bom, ele geralmente se atrapalha na trocação no início. Ele foi nocauteado por um gancho de um canhoto antes, no UFC, e esse é um dos melhores golpes de Poirier. Obviamente, Poirier também faz coisas ruins, que destacam os pontos fortes de Makhachev. Não há um favorito claro. Se você olhar a última luta de Poirier, ele estava sendo maltratado por Saint-Denis, se levantou e acertou um golpe. Se houver uma chance para ele fazer isso, será esta”, declarou McGregor, destacando a única derrota sofrida por Islam, que foi justamente por um dos golpes preferidos de Poirier, além de destacar também o poder de absorção e reviravolta do “diamante”.

 

Outro que também deixou sua opinião foi Charles Oliveira, brasileiro que já enfrentou ambos.

 

“Estamos falando de MMA, e MMA é muito imprevisível. Eu acho que o Islam tem muito mais armas para vencer. Os caras que o Dustin perdeu foram os que o colocaram para baixo e o agarraram… E o Islam só faz isso. Ele vem evoluindo bastante na luta em pé, mas eu acredito demais no poder de fogo na mão do Dustin. Se for para apostar o meu ‘um centavo’, eu aposto no Islam, mas tem muito equilíbrio nessa luta”, declarou Do Bronx, em entrevista ao canal do “UFC Brasil” no YouTube.

 

Se as poucas chances de Poirier estão na luta em pé, existem duas “maldições” que entrarão junto com ele no octógono. A primeira é que ele nunca perdeu lutando no mês de junho. São seis combates e seis vitórias, contra Nate Jolly, Derik Gauthier, Jason Young, Yancy Medeiros, Bobby Green e Dan Hooker.

 

Outra “maldição” que apoia Dustin é ainda mais impressionante. Trata-se do fato de que Paulo Borrachinha estará lutando no card. Escalado para encarar Sean Strickland no co-main event do UFC 302, Paulo Costa é dono de uma marca inusitada em sua carreira no octógono mais famoso do mundo. Até o momento, oito campeões da organização perderam seus títulos quando compartilharam o mesmo card que o brasileiro: José Aldo, quando perdeu para Max Holloway no UFC 212; Bisping, Garbrandt e Joanna Jedrzejczyk sendo destituídos por George St-Pierre, TJ Dillashaw e Rose Namajunas, respectivamente, no UFC 217; Stipe Miocic perdendo para Cormier no UFC 226; Cormier perdendo para o mesmo Miocic no UFC 241; Usman sendo nocauteado por Leon Edwards no UFC 278; e o mais recente, Volkanovski, perdendo sua invencibilidade para Ilia Topuria. A coincidência é tanta que a única exceção à maldição é o próprio Paulo, que não conseguiu tomar o cinturão de Adesanya quando teve a oportunidade. No mínimo curioso.

 

Totalmente desapegado de tais superstições, Makhachev tratou de reconhecer as qualidades de Poirier e, em entrevista ao “TMZ Sports”, garantiu que se fizer o jogo certo, vencerá “facilmente” a disputa.

 

“Dustin é uma lenda, ele tem mais experiência que todo mundo nesse esporte. Mas seu problema é seu estilo, é sua fraqueza no wrestling e no grappling. Eu tenho a chave para uma luta fácil, se eu seguir a estratégia, posso vencê-lo facilmente. O Poirier tem a melhor trocação da divisão e me preparo para as lutas mais duras”, declarou o russo. Ele finalizou declarando que aceitou o confronto porque quer vencer os maiores da categoria dos leves: “Dustin é um bom oponente. Charles do Bronx e Arman eu já venci. Meu sonho era lutar contra os maiores nomes dessa divisão, por isso aceitei lutar contra ele. Eu vou defender muito o meu pescoço da sua guilhotina. Isso não vai acontecer na nossa luta, mas estarei pronto”, projetou Makhachev.

 

A resposta de Poirier veio forte como o seu cruzado de esquerda, em entrevista ao Yahoo Sports, onde o ex-campeão interino dos leves cravou que vai deixar o russo “inconsciente” no aguardado encontro: “Vou nocautear o Islam, vou deixá-lo inconsciente e o árbitro vai me tirar de cima dele. Ele é um bom competidor, esses caras do Daguestão e a equipe inteira, eles competem muito”, disse “The Diamond”. Ele seguiu: “Eles seguem a estratégia, são bem rígidos e não vejo muitas brechas no jogo dele. Ele tem uma boa trocação e, obviamente, o wrestling é bom. Não é tradicional com quedas, essas coisas. Ele me parece bem forte para a categoria, muito dominante por cima, pesado. É isso, vou lutar contra o cara número um peso-por-peso”, encerrou.