Potência feminina no UFC da Arábia Saudita – Jasudavicius x Bueno Silva: inaugurando a presença de mulheres no octógono saudita
Mayra Bueno Silva, a brasileira conhecida como “Sheetara”, prepara-se para um novo capítulo em sua carreira no MMA. Após um período de altos e baixos no peso galo, a lutadora retorna à categoria dos moscas (até 56,7 kg) para enfrentar Jasmine Jasudavicius, uma adversária em ascensão no ranking do Ultimate Fighting Championship (UFC).
O confronto Jasudavicius x Bueno Silva, marcado para o dia 1º de fevereiro em Riad, na Arábia Saudita, ainda sem uma numeração, será um divisor de águas tanto para a trajetória de Silva quanto para a expansão do UFC no Oriente Médio. lembrando que o local tem se aberto para as artes marciais nos últimos anos.
Um Retorno Estratégico ao Peso Mosca
A decisão de Mayra de voltar à sua antiga divisão vem após um momento desafiador no peso galo. A atleta mineira, de Uberlândia, com 33 anos, acumulou duas derrotas consecutivas em 2024, incluindo a luta pelo cinturão contra Raquel Pennington e uma derrota por nocaute técnico para Macy Chiasson. A mudança para os moscas sinaliza não apenas um ajuste estratégico, mas também uma tentativa de revitalizar sua carreira, que começou no UFC nessa categoria. Sua última luta na divisão foi em 2021, quando perdeu para Manon Fiorot por decisão unânime.
“Sheetara” estreou no UFC em 2018, com performances marcantes que a consolidaram como uma das promessas brasileiras no MMA. Contudo, sua transição para o peso galo trouxe desafios físicos e técnicos que culminaram nas recentes derrotas. O retorno ao peso mosca parece ser uma escolha natural para equilibrar melhor sua performance e explorar seu estilo de luta ágil e técnico.
Desafios contra Jasmine Jasudavicius
A canadense Jasmine Jasudavicius, atualmente 13ª no ranking do peso mosca, representa um desafio significativo para Mayra. Aos 34 anos, Jasudavicius vive uma fase ascendente na carreira, acumulando três vitórias consecutivas em 2024. Entre elas, estão finalizações sobre Priscila Cachoeira e Ariane Lipski, além de uma vitória dominante contra Fatima Kline. Seu estilo agressivo, aliado à capacidade de finalizações raras, como o estrangulamento brabo, torna a canadense uma adversária perigosa.
Com esse histórico, o confronto é considerado de alto risco para ambas as lutadoras. Enquanto Mayra busca interromper sua sequência de derrotas e retomar a confiança, Jasmine vê a luta como uma oportunidade de consolidar seu nome no ranking e pavimentar seu caminho para disputas mais expressivas.
Expansão do UFC no Oriente Médio
Além da relevância esportiva, o evento na Arábia Saudita carrega simbolismos extremamente importantes. Será a segunda vez que o UFC realiza uma Fight Night no país, após o UFC on ABC 6 em junho de 2024. Pela primeira vez, uma luta feminina será realizada no Reino, refletindo o esforço da organização para promover a inclusão e expandir seu alcance em mercados pouco explorados e ainda reticentes em relação a alguns direitos das mulheres.
Embora o local do evento ainda não tenha sido confirmado, as opções giram entre a Kingdom Arena e um espaço denominado “The Venue”, ambos em Riad. O evento reforça o compromisso do UFC em estabelecer uma presença sólida no Oriente Médio, uma região estratégica para a promoção devido à sua crescente base de fãs e ao apoio financeiro significativo.
Oportunidades e pressões para Mayra
Para Mayra Bueno Silva, que já fez o anúncio da luta em seu perfil no Instagram, onde tem mais de 80 mil seguidores, o retorno ao peso mosca representa uma chance de recomeço, mas também traz pressões. Além de enfrentar uma adversária em grande fase, a brasileira precisa lidar com a responsabilidade de representar seu país e responder às expectativas de seus fãs e da organização. Episódios polêmicos, como a multa após pular a grade para conversar com Dana White, acrescentam uma narrativa interessante, mas também intensificam o escrutínio em torno de sua atuação.
Uma vitória sobre Jasudavicius pode, sem sombra de dúvida, significar um retorno ao topo da divisão para Mayra e abrir portas para desafios maiores, incluindo uma possível nova corrida pelo cinturão. Por outro lado, uma derrota colocará sua posição no UFC em risco, exigindo uma reavaliação profunda de sua estratégia e abordagem.
O UFC Arábia Saudita promete ser um evento marcante, tanto pelo contexto esportivo quanto pelo impacto cultural de ser um local atípico, pouco compreendido pelos ocidentais. Para Mayra Bueno Silva, é muito mais do que uma luta: é uma oportunidade de redenção e um momento para provar que ainda tem muito a oferecer no octógono.
Robson Augusto – Revista Lutas