Israel Adesanya e Dricus Du Plessis: a Disputa pelo Título dos Médios no UFC 305
A aguardada luta entre Israel Adesanya e Dricus Du Plessis pelo título dos médios no UFC 305, marcado para 17 de agosto, é mais do que uma simples disputa de cinturão. É um confronto que transcende o octógono, alimentado por uma rivalidade intensa e declarações provocativas que colocam em evidência não apenas o talento dos lutadores, mas também questões culturais e identitárias.
Adesanya, ex-campeão dos médios e uma das maiores estrelas do UFC, não hesitou em comparar Du Plessis a Marvin Vettori, um oponente que ele já derrotou anteriormente. Segundo o nigeriano, o estilo do sul-africano é mais arriscado e imprevisível, o que o torna perigoso, mas não intransponível. “Ele é mais arriscado do que Vettori. Então, sim, não acho que terei problemas em lidar com o que ele traz, mas são os aspectos intangíveis, as incógnitas desconhecidas. Ele corre muito mais riscos do que Vettori, e é isso que o torna realmente perigoso”, disse Adesanya ao MMA Junkie.
No entanto, é nas palavras de Du Plessis sobre ser o “primeiro verdadeiro campeão africano” que reside o cerne da discórdia. Du Plessis, que mora e treina na África do Sul, sugeriu que, por nunca ter deixado o continente, sua conquista tem um peso maior do que a de outros campeões africanos como Adesanya, que adotou a Nova Zelândia como sua casa. Essa declaração acendeu uma chama de indignação em Adesanya, que não apenas rejeitou a premissa, mas também questionou a mentalidade do rival, classificando-a como “colonizadora”.
“Quero que ele assuma responsabilidade por seus comentários. Abdul Razak Alhassan falou antes da última luta que respeita Dricus, mas que ele é uma p*** pelo o que ele disse. Ele é uma p***. Dricus diz que treinou na África, que faz tudo na África, enquanto pessoas como eu e Razak fomos obrigados a deixar nossos países em busca de melhores oportunidades. Ele nunca vai entender isso porque vive atrás das m**** dos portões da vida privilegiada dele na África do Sul”, desabafou Adesanya.
Além de expor as diferenças de origem e trajetória, Adesanya fez questão de lembrar que ele, Francis Ngannou e Kamaru Usman, todos campeões de origem africana, pavimentaram o caminho para que lutadores como Du Plessis alcançassem o sucesso no UFC. “Se Francis não tivesse sido campeão, se eu não tivesse sido campeão, se Kamaru não tivesse sido campeão, ele jamais teria sido campeão. Nós pavimentamos o caminho para ele e agora ele quer tentar tomar tudo para ele. Que tipo de mentalidade é essa? É uma mentalidade de colonizador.”
Essa troca de farpas não passou despercebida no mundo do MMA. Eric Nicksick, treinador de Sean Strickland, que já enfrentou tanto Adesanya quanto Dricus, expressou curiosidade sobre como o nigeriano voltará ao octógono após a perda do cinturão. “Estou muito curioso para ver que tipo de Izzy voltará. De muitas maneiras, egoisticamente, estou torcendo por ele porque, você sabe, a divisão é muito melhor com um talentoso e, você sabe, (atleta) de nível de cinturão (como) Israel Adesanya.”
Por outro lado, Nicksick reconheceu o crescimento e a ameaça que Du Plessis representa, destacando o poder e a singularidade do estilo do sul-africano. “Ele é um problema, cara, e só está melhorando. Acho que a forma como ele está começando a lutar e a entender quem e o que ele é como lutador. Ele é desajeitado de certa forma como Sean é, mas com mais poder, certo? É difícil, é muito difícil.”