A influência da música no desempenho do atleta
A influência da música no desempenho do atleta
Muito normal vermos atletas rodeando os tatames, em banheiros e até nas arquibancadas durante as competições com fones nos ouvidos concentrados com ajuda das músicas momentos antes das competições. A intenção é a mesma, concentração e foco para a luta. A musicoterapia indica que o som influencia nosso corpo começando pelo cérebro.
Diversas pesquisas na área da física mostram que uma música tocada em determinada frequência pode influenciar o corpo humano ou determinada área do corpo. Frequência é o mesmo que som ou música. “Existem trabalhos científicos que comprovam a eficácia da música na performance dos atletas de elite”, Rafael Ribeiro, colunista de Alto Desempenho da GRACIEMAG. “O estudo mostra que, quando estão muito concentrados, os atletas conseguem escutar os próprios batimentos cardíacos, e isso tende a causar declínio na performance. Em tese, ao ouvirmos os batimentos, percebemos que nosso corpo está trabalhando de forma mais acelerada e isso tende a provocar um efeito emocional negativo, gerando mais adrenalina.
“As percepções de cansaço e fadiga então vêm mais rápido. Ao focar em imagens ou estímulos externos, como música, a gente deixa de prestar atenção nesses sinais do corpo e assim as sensações de cansaço e fadiga vêm de maneira mais tardia”, explica Ribeiro. “Além disso, a música pode exercer nas pessoas um efeito emocional positivo, instigando que elas deixem aflorar suas melhores versões, em momentos decisivos”.
A Relação do Som Com o Corpo Humano
O som é vibração em forma audível. Se o nosso aparelho auditivo tivesse um alcance maior, de modo a captar todas as frequências em cada intensidade sonora, então ouviríamos a música das flores, dos campos, das montanhas e dos vales, o canto do céu e das estrelas, bem como a sinfonia do nosso próprio corpo.
As opiniões da ciência moderna confirmam aquilo que os místicos e sábios de todas as culturas reconheceram e empregaram para a harmonização do ser humano.
Desde os tempos mais remotos, o homem percebeu todo o seu potencial musical. Usando os materiais que tinha a disposição (pedras, ossos, madeiras, o próprio corpo e a voz), ele foi combinando sons e silêncios das mais diversas maneiras, surgindo assim a música.
Em sua origem, ela era usada para venerar a natureza, os deuses e para conectar o ser humano com forças maiores, envolvendo realidade, magia e crenças. Até hoje ela é responsável pela criação dos mais diferentes sentidos e significados.
Quando ouvimos uma música, suas ondas sonoras (vibrações) alcançam o tímpano do ouvido gerando reações químicas e impulsos nervosos que registram em nossa mente os diferentes tipos de som que estamos ouvindo. Como as raízes dos nervos do ouvido são extensamente distribuídas sendo um dos que mais possui ligações com o cérebro, todas as funções no nosso organismo são influenciadas. Elevando-se através do tálamo (área estacionária que reveza todas as emoções, sensações e sentimentos), a área mestre do cérebro (razão) é automaticamente influenciada.
Estudos revelam que o impacto da música no sistema nervoso altera as batidas do coração, a respiração, a pressão sanguínea, a digestão, o balanço hormonal, temperamentos, atitudes, além de liberar adrenalina. As reações podem variar em cada indivíduo e o resultado é sempre único. Van de Wall no seu livro “Music in Hospitals” explica que as vibrações sonoras causam contrações e colocam em movimento braços, mãos, pernas e pés automaticamente. Em testes com determinados pacientes, aconteceram movimentos involuntários, sendo necessária a retenção muscular consciente do paciente.
A música é grande parceira nas corridas além de trazer grande benefício.
O cérebro tem suas oscilações próprias, tem vários ritmos que estão relacionados com determinadas atividades. A mais conhecida é a oscilação alfa, que aumenta ao fecharmos os olhos.
E o mais legal é que a música é capaz de embalar atividades cerebrais favorecendo o seu ritmo. Além disso, a sincronia auditiva e motora pode favorecer a performance.
Quando ainda não se falava muito sobre os benefícios da música no desempenho, o etíope Haile Gebrselassie agraciou o mundo do atletismo com seus feitos. Em várias tentativas de quebra de recorde (muitas delas, aliás, bem sucedidas), ele solicitou que tocasse nos alto-falantes dos estádios a música Scatman durante sua performance. Em entrevista ele diz: “o ritmo é perfeito para correr (…) e se você prestar atenção nos vídeos de algumas corridas, poderá escutar a música ao fundo”.
O nadador Michael Phelps, que tem no currículo trinta e sete quebras de recorde e oito medalhas de ouro em uma única Olimpíada, é outro grande apostador dos benefícios da música no esporte.
Ele ainda diz que não tem preferência por nenhuma música. Ou seja, ele escolhe as músicas que lhe dão prazer escutar e só isso já é o bastante para melhorar a motivação do atleta.
O professor da Universidade de Brunel, Costas Karageorghis, que há anos estuda os efeitos da música na performance, afirma que é a música é capaz de “diminuir sua percepção de esforço, bloqueando alguns sintomas relacionados à fadiga”.
Francisco Souza –
Revista Lutas – A Revista de Lutas do Brasil